Quem somos
Projeto que deu origem ao movimento Nós na Criação
em Recife, Rio Grande do Norte, Paraíba, Rio de Janeiro e Minas Gerais
com a formação de facilitadores para grupos de estudo no Território Indígena Xukuru do Ororubá
com a formação de facilitadores para grupos de estudo no Território Indígena Xukuru do Ororubá
O início da trajetória do Nós na Criação
O Movimento Nós na Criação tem sua origem na Igreja Batista em Coqueiral (IBC), localizada na periferia do Recife-PE. Em 2016, a IBC instituiu o Projeto Rio Limpo, Cidade Saudável, com apoio da Tearfund Brasil, com o objetivo de atuar com educação socioambiental e fomento a políticas públicas para a Bacia do Rio Tejipió, que corta a região. A partir deste projeto, a espiritualidade não estava mais contida na abstração litúrgica dominical, ela passava então a estar contida na demanda comunitária. Foi então que uma pergunta se fez necessária: “Acaso o trato com o Rio e suas problemáticas não seria um assunto contido na espiritualidade?” Nascia então o grupo de estudos “Nós na Criação”.
Nas discussões do grupo, a juventude das igrejas da região passou a aprofundar as leituras bíblicas, promovendo a compreensão de que há uma implicação direta no papel da igreja com seu meio, entendendo o Evangelho como veículo de transformação de demandas comunitárias, o qual coloca a igreja na linha de frente de um legado que tem como objetivo promover justiça, sinalizando o Reino de Deus e sua redenção para todos os seres. Foi ficando cada vez mais sublinhada que há implicações sociais, culturais, políticas, econômicas e ambientais que atravessam a forma como a Bíblia é lida e interpretada, intervindo diretamente no modo de como a igreja se relaciona com o mundo e de como a espiritualidade é vivenciada no contexto no qual está imersa.
Surge a necessidade de se tornar movimento
Em 2018, os encontros do grupo de estudos bíblicos Nós na Criação estava consolidado em Recife. Foi nesta fase em que a metodologia foi compartilhada com outros núcleos, e grupos de jovens pelo Brasil constituíram novos grupos de estudo no Rio Grande do Norte, Paraíba, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Em 2019, o primeiro Encontro Nacional do Nós na Criação aconteceu, marcando a formação de facilitadores que passaram a conduzir os grupos de estudo. Com esse aprimoramento, para além dos estudos, ações começam a surgir. Foram lutas contra desmatamento, diversas pessoas dando seus testemunhos de que nunca haviam lido as escrituras a partir desse olhar, projetos de incidência ambiental realizados com diversas representações juvenis em territórios diferentes e a construção contínua de relacionamento com a igreja local.
Já em 2020, os grupos de estudo se reuniram presencialmente em paralelo à realização do Encontro de Economia Restaurativa, promovido pela Tearfund. Nesta ocasião, foi fundado o Movimento Nós na Criação, garantindo uma identidade coletiva e compartilhada dentre os grupos de estudo, além de uma estrutura de governança horizontal, com foco no Grupo Gestor (GG), composto por todos os grupos e núcleos locais.
Desde então, a atuação do Movimento Nós na Criação cresceu e se fortaleceu, contando atualmente com quatro comissões: Nós na Administração (tarefas administrativas e de gestão de projetos), Nós na Mobilização (Campanhas e crescimento de redes), Nós na Comunicação (redes sociais e comunicação interna), Nós na Formação (conteúdos educativos e aprendizagem sobre ecoteologia), e Nós e os parentes (relacionamentos com as comunidade indígena). Em 2023, o movimento finalmente se torna uma associação de direito privado, com a criação do Instituto Nós na Criação.
A partir desse formato, outras frentes foram surgindo internamente, como é o caso dos eixos Campanhas e Incidência Política. Por meio das campanhas, por exemplo, é proposta a criação de pastorais ambientais nas igrejas locais.
Estrutura do Nós na Criação
A estrutura do Nós na Criação foi pensada para disseminar o pensamento ecoteológico nas diversas instâncias do segmento evangélico, influenciando na mudança de conduta dos atores que estão ligados a este campo no que corresponde às questões ambientais. Cada setor lida de forma integrada com as bases conceituais e operativas da Ecoteologia para a condução de suas atividades.
Missão
Contribuir com e na igreja local, entendendo-se e fazendo entender-se como parte da Criação de Deus, buscando coexistir harmonicamente na Natureza-sociedade, por meio do Ministério da Reconciliação (II Co 5: 17-20), para contribuir com a implementação do Reino de Justiça, Paz e Alegria (Rm 14: 17).
Visão
Estabelecer-se como movimento global, com a finalidade de contribuir no avanço das discussões ecoteológicas com e na igreja local, por meio do trabalho em rede, na direção de atuar com: grupos de estudos; políticas públicas; agroecologia e soberania alimentar, a fim de influenciar na implementação dos Direitos da Natureza / Humanos (DHESCAs) em consonância com os prazos da agenda 2030.
Valores
- Orientação pelo Sopro do Espírito;
- Coexistência Harmônica na Criação;
- Pastoreio Mútuo;
- Respeito a diversidade de reflexões que contribuem no coletivo;
- Revelação de Deus escrita e criada;
- Plenitude de vida na Criação;
- Serviço em amor na completude da Criação;
- Valores do Reino: Justiça, Paz e Alegria;
- Redenção e reconciliação da Criação em Cristo;
Uma estrutura em 4 Pilares
Uma estrutura sobre quatro pilares é o modelo de sustentação didática do Movimento Nós na Criação. Esses quatro pilares conduzem os encontros dos grupos de estudos em seus núcleos locais, bem como nas Pastorais Ambientais, dando o clima que cada encontro precisa, como também estruturam as ações, relações e comunicações feitas pelo movimento. São eles:
Sopro do Espírito
Apoiado em Jo 3:8, o Movimento entende que não há personalização, ou seja, não está contido em uma pessoa ou nas pessoas que o compõem, as diretrizes de como deve se posicionar, bem como conduzir suas compreensões da leitura bíblica que é atravessada pelas questões da vida e gera reflexões de desdobramento teológico porque entende-se no movimento que os problemas e demandas cotidianas precisam buscar orientações na Bíblia/revelação, e que devam ser devolvidas com as devidas traduções para a vida, no dia a dia, e não ser fruto de reproduções literais do que está escrito, sem que haja uma contextualização adequada e responsável.
Desse modo, ao apontar o Sopro do Espírito como pilar, entende-se que é o Espírito Santo quem está guiando as abordagens hermenêuticas, ou seja, a forma de compreender e, aprender a aprender, o que a mensagem da revelação contida na Bíblia e na Criação de Deus quer ensinar.
Pedagogia da Autonomia
A Pedagogia da Autonomia nasce com Paulo Freire, educador e patrono da educação brasileira. Com base na autonomia, entende-se que ninguém que chegue para aprender esteja vazio/a. As pessoas trazem suas histórias, aprendizados e conteúdo. Quando há então o encontro, o educando/a aprende ensinando e o educador/a (facilitador/a – como é o caso do termo usado em nossos núcleos) ensina aprendendo (FREIRE, 2015), de forma que é o ENCONTRO que forja e constrói o conhecimento apoiado no sopro do Espírito. Assim, entende-se que o Criador não teme as dúvidas, incertezas e nem as certezas, mas faz delas o terreno fértil para florescer.
Leitura Popular da Bíblia
Entendendo que o Nós na Criação está caminhando por todos os lugares do Brasil e América Latina, que se conhece originalmente como Abya Yala, esse pilar coloca sempre o alerta para a questão importantíssima que é fazer uma interpretação bíblica que seja acessível para qualquer pessoa, em qualquer lugar do território, buscando facilitar o entendimento de conceitos sem perder a profundidade da mensagem para interpretações em paráfrase, mas se esforçando junto a facilitadores/as no esmero e no rigor do estudo que impulsiona para a postura da Pedagogia da Autonomia.
Espaço Seguro de Acolhida e Reflexão
Entende-se que, por estar em um espaço de aprendizado e pastoreio mútuos, está implicado o fato de se haver um espaço heterogêneo, isso se dá devido à cultura de cada pessoa, visão de mundo, certezas e dúvidas sobre a própria mensagem do Evangelho. Por isso, o Movimento Nós na Criação, se propõe a construir um espaço onde cada pessoa possa se perceber acolhida em equidade e, com segurança, colocar seus pontos de vista para a reflexão sem demérito, seguindo em solidariedade no acolhimento ao outro/a.
Núcleos locais: o que são, que fazem e onde estão?
Os Núcleos Locais do Nós na Criação são responsáveis por desenvolverem ações no campo socioambiental e ecoteológico nas igrejas locais e/ou em instâncias comunitárias nos territórios brasileiros, reunindo pessoas que possuem o interesse na questão socioambiental atrelada à fé cristã. Os Núcleos são interdenominacionais e são um convite para todas as pessoas que desejam construir aprendizados coletivamente acerca da ecoteologia. Além dos encontros de reflexão ecoteológica, cada núcleo identifica e incide em problemáticas socioambientais locais, a partir de demandas trazidas pelas pessoas que os compõem. Destaca-se que cada Núcleo conta com a facilitação de um/a integrante do Nós na Criação que já passou por uma de nossas formações e passou a ser mentoreado/a pelo Movimento.
Núcleo Recife – PE (Josias Kaeté)
Núcleo Paulista – PE (Renata Siqueira)
Núcleo Salvador – BA (Brisa Kelly)
Núcleo Rio de Janeiro – RJ (Leonardo de paula)
Núcleo São Paulo – SP (Patty Kowalsetskyj)
Núcleo João Pessoa – PB (Barbara)
Núcleo Natal – RN (Felipe Gameleira)
Núcleo Ceará – CE (Cícero)
Núcleo Currais Novos – RN (Julhin de Tia Lica)
Núcleo Belo Horizonte – MG (Ana Maranhão)